O
assunto sobre o qual estaremos tratando é “Promovendo uma Educação Missionária”,
e pode ser abordado de diversas perspectivas. Podemos abordar o assunto falando
em métodos missionários, ou métodos de ensino. Podemos falar em como a Igreja
investe recursos para o sustento de homens e mulheres vocacionados a fazer
missões, e como as igrejas locais podem prover uma educação para o
despertamento vocacional desses novos missionários. Mas, ao abordar o assunto
dessa forma, corremos o risco de tornar o tema especifico de mais, no sentido
de que apenas os vocacionados poderiam obter lições práticas, enquanto os que
não tem uma vocação missionária conforme a definição dada, estariam apenas
adquirindo conhecimento teórico que afetaria pouco ou nada suas vidas. Por este
motivo, hoje quero abordar o assunto de forma geral, para que todos possam
se identificar. E ao mesmo tempo específico para que todos obtenham aplicações
práticas no dia a dia.
Para poder alcançar o objetivo de
que todos possam compreender e se envolver no assunto, e adquirir aplicações
para sua vida cotidiana, precisamos primeiro definir alguns conceitos.
Primeiramente temos a palavra
“Educação”, segundo o dicionário Michaelis a definição é: Desenvolvimento das faculdades físicas, morais e intelectuais do ser
humano. A Educação é algo integral, ou seja, afeta todas as áreas do
indivíduo, física, moral e intelectual.
E
agora eu pergunto. De onde o indivíduo adquire a informação necessária para se
desenvolver física, moral e intelectualmente?
Eu
consigo identificar pelo menos três fontes:
1.
Entorno Sociocultural
2.
Entorno Familiar
3.
Entorno Escolar
Embora
essas três fontes estejam unidas entre si, é possível trata-las de maneira
separada.
O entorno sociocultural, abrange aspectos
gerais: a forma em você se veste, a alimentação, os costumes. Ex. Manga com
leite, Abacate. Ninguém ensinou a você que não deve comer grilos. Porque
simplesmente não faz parte da dieta tradicional da cultura do seu país. Ninguém
lhe disse que você deve fazer três refeições ao dia, sendo a mais importante ao
meio dia. Isso sempre foi assim, você nasceu e já estava estabelecido que assim
fosse. Faz parte da sua cultura.
O entorno Familiar, abrange aspectos mais
específicos: o respeito e amor aos seus pais, o amor e respeito com seus
irmãos, tios, etc. É no entorno familiar onde são definidos os limites da sua
conduta, o respeito, a tolerância, os relacionamentos interpessoais, etc.
O entorno Escolar, abrange os aspectos
intelectuais do individuo, conhecimento cientifico, histórico, cultural,
familiar.
Estas
três fontes se constituem no meio mais comum de onde se obtém a Educação, uma
educação física fornecida pelo entorno sociocultural. Uma Educação moral obtida
primordialmente pelo entorno familiar. Uma Educação intelectual mediante o
Entorno Escolar, Universitário.
Todos
nós obtemos nossa educação desses três entornos, por quanto somos cidadãos
deste mundo e por estarmos imersos num contexto regional cultural
pré-estabelecido através dos anos.
Uma
vez definidos os meios pelos quais todos obtém uma educação “secular” pergunto;
De onde vem sua Educação Cristã? Considerando a mesma definição dada
anteriormente, de onde provem sua Educação Cristã, física, moral, intelectual?
Igreja?
Pastores? Dogmas? Declarações de fé? Líderes espirituais? Denominação?
Quantos
conhecem 2 Timóteo 3.16? Quantos já o decoraram? Quantos já ouviram pregações
sobre esta passagem?
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para correção, para a educação na justiça”
(Almeida Revista e Atualizada)
“Toda a Escritura divinamente
inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça” (Almeida Revista e Corregida)
Farei
uma rápida exegese desta passagem para uma melhor compreensão:
“Toda a Escritura é Theopneustos
e útil para didaskalia, para elegchos, para epanorthosis
(epi + anorhos (ana + orthos)), para paideia em dikaiosune”
Se
você não sabia ou tinha dúvida, agora sabe de onde provem sua Educação Cristã. A
saber, Das Sagradas Escrituras, entenda-se Antigo e Novo Testamento.
Agora
definamos Missão. O que é Missão? Enviar pessoas para outras nações?
Evangelismo massivo, nas praças, escolas, comunidades?
O
dicionário Michaelis a define assim: “Ato
de mandar, comissão, encargo, delegação divina conferida num intuito religioso”
Nas
escrituras não existe a palavra “Missão”, ainda que seja possível acha-la em
Atos 12.25 e em 1 Timóteo 2.15 na tradução Almeida Revista e Atualizada. Mas a palavra
original utilizada n em Atos é diakonia,
ou seja, serviço, e não representa de maneira completa o conceito de missão, e
ainda mais longe do sentido original está o de 1 Timóteo, que mudou
completamente o versículo.
Por
outro lado, é inevitável falar em Missões sem falar do Apostolo Paulo, o nome
“Paulo” está associado a Missão. Mas poucos conhecem os métodos missionários de
Paulo, e quando falam das suas missões relembram suas viagens pelas diferentes
regiões da Ásia Menor, Europa, etc. Mas esse não é o conceito correto de
missão.
Vejamos
o que nos diz a Palavra de Deus em relação à Missão segundo a definição obtida
do dicionário.
Em
nossas bíblias há palavras que não foram traduzidas, apenas transliteradas, e é
o caso da palavra Apóstolo. Do original apostelos.
E esta palavra, traz de maneira mais correta a ideia de missão, muito melhor
que diakonia.
No
Antigo Testamento os “Missionários” são chamados “Profetas”, mas, no hebraico
há pelo menos três palavras que são traduzidas como “profeta”, temos: Nabí,
Roeh e Hoze, os dois últimos têm uma função de videntes, ou aqueles que possuem
uma revelação do desconhecido, já o Nabí, é aquele que é enviado por Deus para
executar um propósito especifico.
Portanto,
no Novo Testamento os discípulos assumem um papel profético (nabi) ao serem
enviados por Jesus (ver João 13.16) como portadores do Evangelho. E ao serem
enviados pelo próprio Deus, se tornam em apóstolos, que é o equivalente de nabí
(enviados) adquirindo uma autoridade única, pois somente os discípulos e depois
Paulo tiveram esse privilégio. De maneira que no sentido de autoridade, o
título de “Apóstolo” é aplicado somente os onze e Paulo, e em questões de
hierarquia não existem mais apóstolos!
Mas, o adjetivo pode ser aplicado a nós, pois apostelos quer dizer: enviado, ou emissário. Em nosso contexto é
todo aquele que é enviado, mas também os que são portadores duma mensagem,
emissários do Evangelho.
Desta
forma temos a correta definição daquilo que é “Educação Missionária”. Nossa
educação Cristã, física, moral, intelectual devem estar baseados nas Sagradas
Escrituras, para que possamos ser apóstolos ou mensageiros do Evangelho. De
maneira que quando falamos em missões simplesmente estamos falando do fato de anunciar,
ou comunicar o Evangelho.
De
um lado temos o conhecimento e do outro, a prática do conhecimento, que na
verdade é a correta aplicação do conhecimento adquirido.
Paulo
nos dá um exemplo incrível em Atos 17, na forma em que apresenta o Evangelho
aos gregos. (Porque, lembre que Paulo tinha um histórico de violência, ele
sendo um fariseu devoto não suportava que hereges acreditassem que um judeu
crucificado fosse Deus, e para manter pura a tradição hebraica e obedecer ao
mandamento de Deuteronômio 6 que “o
SENHOR , nosso Deus, é o único SENHOR” não mediu esforços, para acabar com
o que ele considerava “heresia”), Antes da sua conversão, Paulo tinha a
“educação”, conhecia muito bem a lei de Moisés, ele tinha uma educação física,
moral e intelectual, mas sua forma de fazer missão, ou seja, a forma em que ele
manifestava sua mensagem era através da violência, perseguindo e aprisionando
cristãos. Em Atos 17 temos a Paulo fazendo uso da sua educação, baseada nas
Escrituras, mas, fazendo missão de uma forma totalmente equilibrada.
Vejamos
o contexto de Atos 17 a partir do versículo 16 ao 33.
Paulo
está na capital da Grécia e no versículo 16 podemos ver que ele está com seu
espirito revoltado por causa da idolatria que domina essa cidade, e apesar da
sua revolta não age da mesma forma como fazia antes da conversão, ele começa a
anunciar o Evangelho de Cristo aos judeus que se reuniam nas sinagogas, e ele
faz isso por muitos dias até que os filósofos gregos tomam conhecimento dos
ensinamentos de Paulo, e lhe pedem que vá e apresente sua doutrina diante de
todos no Areópago (Areópago era o nome do tribunal que ficava nas colinas do
mesmo nome onde eram discutidas leis, religião e educação). O discurso de Paulo
gira entorno da cultura dos gregos, ele usa a imagem do “Deus desconhecido”
para falar do Deus que fez céus e terra e toda a humanidade, ele fala da
revelação geral do Senhor presente na cultura dos atenienses e usa como
argumento os próprios filósofos gregos, aqueles que diziam que todos os homens
são geração de Deus, e a partir do 30 ele anuncia o Evangelho, dizendo que Deus
notifica a todos os homens para que se arrependam, logo lhes fala como foi
alcançada essa possibilidade, e menciona a ressurreição de Cristo, mas os gregos
ao ouvirem falar em ressurreição, alguns se irritaram e outros o ignoraram,
após acontecer isso, Paulo também se retira do meio deles. No versículo 34 nos
fala que alguns homens creram.
Algumas
coisas que precisamos aprender de Paulo são:
·
Conhecimento
profundo das Escrituras.
·
Conhecimento
do entorno cultural.
·
Sensibilidade
para falar no momento oportuno.
·
E
apresentar o Evangelho de maneira simples.
Agora,
olhe para você, quanto você conhece das Escrituras? Quanto você conhece do seu
entorno cultural? Você possui sensibilidade para falar somente quanto é
necessário? Qual é a forma em que você apresenta o Evangelho?
Se
formos sinceros, veremos que nosso cristianismo falha em todos estes pontos. É
por isso que o Apóstolo Paulo escreve a Timóteo para que seja um obreiro que
maneje bem a Palavra da verdade de maneira que não tenha de que se envergonhar.
Hoje
cristãos envergonham o Evangelho porque não o conhecem. Paulo disse, “sejam de
imitadores de mim como eu sou de Cristo”, porque Paulo era um homem com uma
“Educação Missionaria” completa. Mas os cristãos de hoje preferem viver de
imitação, porém em vez de imitar a Cristo, imitam a aqueles que falam de
Cristo, e falar de Cristo não é garantia de Estar em Cristo!
Por que
nossas igrejas não lotam quanto o assunto é o estudo da Palavra? Por cristãos preguiçosos, que não conhecem
sua fé, vivem como papagaios imitando o que os outros dizem, mas não tem
fundamento para seus argumentos e quando questionados pelo mundo ficam sem
resposta, estes ENVERGONHAM O EVANGELHO! Discutem opiniões que não é o mesmo
que discutir da fé, a fé se discute entre irmãos, aos incrédulos se lhes
anuncia o Evangelho não se discute! Cristãos com vidas ineficazes tornam e tem
tornado a Igreja ineficaz! Cristãos semelhantes aos irmãos de Corinto que
devendo comer alimento solido, ainda são alimentados com leite, porque são
preguiçosos espirituais que não maduram em sua fé.
Você
poderá me dizer como tenho ouvido tantas vezes, “mas a letra mata, precisamos
viver pelo Espirito”, e sim é verdade que o “Logos” sem o Espirito é vazio, mas
é verdade também que o Espirito sem o Logos é loucura!
Sabe
por que o mundo não cré? Porque temos uma “Educação Missionária” falida. Querem
ganhar almas para Cristo, mas a que custo? Se eduque para fazer que a Missão
seja efetiva. Temos muitos missionários e muitos querem fazer missões, mas por
não terem uma Educação Cristã, envergonham o Evangelho.
Cristãos
querem mudar o Brasil sabotando e boicotando, mas esquecem que não é por força
nem poder, mas pelo Santo Espirito. Alguém dirá que a oração não é suficiente
que o Cristão deve agir, e sim, o cristão deve agir e se posicionar, mas deve
fazê-lo somente depois conhecer sua posição, depois de alcançar uma Educação
Cristã completa. Não adianta fechar museus, tentar mudar a programação de
certas emissoras, fazer manifestações públicas e gritar aos quatro ventos. Essa
não é forma de fazer missão! Cantar hinos e reprender demônios em frente Museus
e auditórios não vão converter ninguém, porque isso não é fazer missão, isso
não é anunciar o Evangelho. Aí você pode estar pensando, “mas devemos pregar a
palavra a tempo e fora de tempo”, sim, só que o tempo de 2 de Timóteo 4.2 não é
Crhonos, e sim Kairós, ou seja um tempo determinado, um tempo específico, um
tempo que Deus prepara. Não adianta passar 24 horas do Chronos pregando, porque
se não é o Kairós de Deus, não haverá salvação, somente estará jogando palavras
ao vazio.
A
Educação Cristã não se obtém de compartilhar publicações bíblicas em Facebook,
como disse um pastor “a internet está cheia de ‘Teoloucos’”, acham que por ler
alguma coisa em Wikipédia já são expertos em qualquer assunto. Cristãos
preguiçosos estão apavorados por causa da corrupção, será que já leram Daniel?
Neemias? Ester? Corrupção não é de hoje. Cristãos preguiçosos e imaturos, estes
envergonham o Evangelho.
Para
concluir...
Saiba
que para fazer missão muitas vezes não é necessário abordar alguém na rua,
viajar a um outro país. Jesus lhes disse aos seus discípulos: “Vós sois o sal da terra”, mas lhes
adverte “se o sal vier a ser
insípido...para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos
homens” O sal, como todos devem saber, tinha uma dupla função: dar sabor, e
impedir e retardar a podridão da carne. Não me leve a mal, mas você não foi
salvo para mudar o mundo, você não pode transformar o mundo. Não todos serão
salvos, então deixe de tentar salvá-los. Certamente Jesus não veio para
condenar o mundo mas para que o mundo fosse salvo por Ele, é Ele quem salva, é
Ele quem transforma. Você e eu devemos ser sal, evitar que o mundo apodreça,
devemos ser luz, não essa luz que desfaz as trevas, não...leia o contexto de
Mateus 5.14 “Vós sois a luz do mundo. Não
se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia
para coloca-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se
encontram na casa” nós somos luz não para acabar com as trevas, mas para
sermos guias, como um farol no meio do oceano...não é o farol que vai até o
navio, é o navio que ao ver o farol sabe qual direção seguir. Por isso diz “Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está
nos céus”.
Alguém
disse certa vez, “pregue o Evangelho...e se for necessário fale”, eu digo,
pregue o Evangelho e fale quando for o momento. Porque dificilmente alguém vai
descobrir o plano da salvação somente porque você vive uma cristã. Vemos em
Romanos 10.17 que a fé vem pelo ouvir, ou seja, sim, é necessário falar, mas no
kairos, no tempo de Deus, porque Jesus também disse em João 6.44 “Ninguém pode vir a menos que o Pai que me
enviou o trouxer”. E por graça sois salvos, mediante a fé.
Não
tente converter o mundo pelas suas forças, o profeta Jeremias escreveu no
capitulo 15.19, “Portanto, assim diz o
SENHOR: se tu te (1) arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim;
se apartares o (2) precioso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a
ti, mas tu não passarás para o lado deles”, traduzido de uma outra forma
diz: “serás a minha boca; e eles se
converterão a ti...” Você não precisa converter ninguém.
Para concluir.
Efésios
1.1 diz: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus
por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em
Cristo Jesus”
Mais
à frente Paulo falando às mesmas pessoas lhes diz, “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como
sábios”
“Paulo,
apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em São José,
e fieis em Cristo Jesus...vejam prudentemente como andam, não como néscios, e
sim como sábios”
Néscios?
Seguindo modinhas do mundo gospel, repetindo como papagaios o que ouviram
falar, indo para onde vai o montão...Néscios!.
Sábio?
Aquele que tem sua Educação Cristã baseada nas Escrituras, que anuncia o
Evangelho no momento e lugar indicado, que como os bereanos estudam às
Escrituras para comprovar que aquilo que ouvem veio realmente de Deus e não de
interpretação de homens.
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